À medida que o mundo enfrenta desafios climáticos crescentes, os impactos dessas questões têm se estendido além das esferas ambientais e sociais, influenciando cada vez mais as decisões estratégicas de negócios, incluindo operações de fusão e aquisição.
Os riscos climáticos e de transição têm emergido como fatores críticos a serem considerados durante todo o ciclo de vida de uma transação de M&A, desde a due diligence inicial até a integração pós-fusão. Aqui estão alguns pontos-chave a serem considerados:
Due Diligence ampliada
Antes de concluir uma transação, as empresas estão cada vez mais obrigadas a avaliar os riscos ambientais e climáticos associados tanto ao ativo quanto ao passivo da empresa alvo. Isso inclui entender como as regulamentações futuras podem impactar as operações e como a empresa está se adaptando às mudanças climáticas e às pressões de transição energética.
Avaliação de ativos
Ativos físicos, como instalações industriais, imóveis e infraestrutura, estão sujeitos a riscos crescentes relacionados ao clima, como eventos climáticos extremos e perda de valor devido a regulamentações ambientais mais rígidas. Esses fatores podem alterar significativamente o valor de mercado e a sustentabilidade financeira dos ativos.
Cadeia de suprimentos e riscos associados
Empresas em processo de fusão ou aquisição também devem considerar os impactos potenciais nas cadeias de suprimentos, que estão cada vez mais sujeitas a interrupções devido a eventos climáticos extremos, escassez de recursos naturais e mudanças nas políticas globais de comércio e energia.
Expectativas dos investidores e reguladores
Investidores e reguladores estão colocando uma pressão crescente sobre as empresas para que demonstrem práticas de governança sólidas e resilientes. Isso pode influenciar as estratégias de M&A, exigindo maior transparência e conformidade com padrões de responsabilidade socioambiental.
Na União Europeia, por exemplo, a nova norma CS3D (Corporate Sustainability Due Diligence Directive) estabelece diretrizes rigorosas para que as empresas garantam condições de trabalho justas e práticas sustentáveis ao longo de toda a sua cadeia de fornecimento. Essa regulamentação exige que elas identifiquem, previnam e mitiguem impactos adversos aos direitos humanos e ao meio ambiente, não apenas em suas operações diretas, mas também entre seus fornecedores e parceiros comerciais.
Integração pós-fusão
Após a conclusão da transação, a integração bem-sucedida das operações também requer considerações ambientais e climáticas. Isso pode incluir a harmonização de políticas de sustentabilidade, a otimização de recursos compartilhados e o desenvolvimento de estratégias conjuntas para mitigar riscos climáticos.
Oportunidades de inovação e crescimento
Embora os riscos sejam significativos, também há oportunidades para empresas que adotam uma abordagem proativa em relação à sustentabilidade. Empresas que lideram em práticas ambientais podem atrair investidores e se posicionar estrategicamente no mercado global emergente de baixo carbono.
Evitando o greenwashing nas fusões e aquisições
Governos e reguladores estão aumentando a fiscalização e impondo regras mais rígidas para evitar que empresas transfiram operações para jurisdições com regulamentação mais permissiva em questões ESG. Isso pode incluir revisões mais detalhadas durante o processo de aprovação de fusões e aquisições.
Transparência aprimorada
Exigências por maior transparência e divulgação detalhada sobre práticas ESG estão se tornando comuns. Investidores e stakeholders estão pressionando por relatórios mais completos e precisos que abordem o impacto ambiental e social das operações pós-M&A.
Critérios de Responsabilidade socioambiental
Investidores institucionais e fundos de investimento estão integrando critérios de sustentabilidade e responsabilidade corporativa em suas decisões de investimento. Isso pode incluir a avaliação não apenas do desempenho financeiro, mas também do desempenho ESG das empresas alvo de fusões e aquisições.
Iniciativas de auto-regulação
Algumas indústrias têm desenvolvido iniciativas voluntárias para promover práticas mais sustentáveis e éticas em fusões e aquisições. Isso pode incluir códigos de conduta, padrões de desempenho ambiental e social, e diretrizes para evitar greenwashing.
Engajamento de stakeholders
A pressão de organizações de defesa do meio ambiente, consumidores conscientes e outros stakeholders está aumentando a conscientização sobre o greenwashing e incentivando empresas a adotarem práticas mais responsáveis em suas estratégias de M&A.
Conclusão
Os riscos climáticos e de transição estão se tornando um fator decisivo para o sucesso das operações de fusão e aquisição. Compreender e mitigar esses riscos não é apenas uma necessidade ética e ambiental, mas também uma estratégia essencial para garantir a sustentabilidade e a resiliência dos negócios no longo prazo. As empresas que incorporam esses fatores em suas estratégias de M&A estarão posicionadas para enfrentar os desafios futuros e capturar as oportunidades emergentes em um mundo em transformação climática.