O planejamento estratégico é uma ferramenta vital para o sucesso e a longevidade das empresas, especialmente em tempos de incerteza. Num cenário empresarial em constante mutação, caracterizado por instabilidades e mudanças frequentes, muitos podem questionar a relevância de planejar o futuro. No entanto, é precisamente nessas circunstâncias que o planejamento estratégico se torna ainda mais crucial.
Funciona como um ponto de partida para todas as ações que uma empresa realizará ao longo de um período, visando alcançar sua visão de futuro. Ele ajuda a administrar tempo, recursos e energia para a estratégia de negócio, focando no que realmente importa a longo prazo. Além disso, auxilia na compreensão das mudanças do ambiente externo e interno, permitindo reconhecer problemas potenciais e identificar oportunidades de melhoria.
Contrariamente à crença de que o planejamento pode ser um obstáculo em tempos de rápidas mudanças, é justamente a existência de um planejamento estratégico que torna a organização mais preparada para enfrentar as incertezas. Ele prevê um processo de construção, análise e validação contínua da estratégia da empresa, permitindo ajustes conforme necessário.
Ao longo do tempo, vimos muitas empresas que cresceram a partir de um núcleo familiar, cuja gestão nem sempre era profissionalizada. Ao longo da sua trajetória, ao atingir a maturidade, essas empresas falharam justamente na hora de dar o próximo passo, de atingir o próximo patamar de crescimento. Isso aconteceu justamente pela falta de uma gestão profissional e de um plano estratégico.
Mesmo se tratando de empresas com décadas de história – e centenas de milhões de reais de faturamento -, chegaram num ponto em que o planejamento estratégico e a profissionalização da gestão se tornaram condições determinantes não só para a sustentação do crescimento, como também para sua própria sobrevivência.
O impacto da falta de um planejamento estratégico se torna mais evidente quando as empresas passam por turbulências e precisam rever a rota. Neste momento, têm dificuldade de encontrar os caminhos e os desvios que aconteceram ao longo do tempo pois faltam planos como referências e parâmetros para medir, acompanhar, analisar e aprimorar. Quanto mais tempo sem planejar e medir, mais difícil fica encontrar onde melhorar, o que ajustar e qual caminho seguir dado o momento de turbulência ou de mudanças drásticas no mercado ou no negócio. Isso resulta em perdas financeiras ou até mesmo problema graves de endividamento ou falência de um negócio que, a princípio, tinha tudo para seguir bem.
A falta de planejamento estratégico e profissionalização da gestão também afeta momentos de sucessão, pois os futuros sócios, por mais que estejam acompanhando o negócio há algum tempo e até eventualmente atuando nele, não possuem toda a experiência da gestão passada. A falta de um registro histórico faz com que se perca as oportunidades de aprender com experiências bem ou malsucedidas, pois elas não foram testadas, comprovadas e documentadas da forma correta. Acabaram ficando na cabeça dos antigos sócios. O resultado final disso é a piora constante dos resultados da empresa após uma sucessão mal planejada em termos estratégicos.
Por fim, no momento da venda da empresa, ela “perde valor” ou melhor, “deixa de ganhar valor”, quando ela não possui uma cultura sólida de planejamento estratégico, pois o comprador não consegue enxergar o passado nem, muitas vezes, entender o presente ou projetar o futuro. O histórico do planejamento e da execução ajuda a construir o storytelling e fortalecer a qualidade do negócio e seu potencial. Em contrapartida, a empresa que não possui esse nível de profissionalismo apenas foi crescendo e entregando resultados, mas pode passar a impressão de que não conseguirá manter esses resultados no futuro sem o time original na condução do negócio.